Com 40 mil moradores, Tamoios, está na fila da emancipação.
A região, cortada pela RJ-106 (São Gonçalo-Macaé) e pelo Rio São João, aguarda
a decisão do Congresso para iniciar o processo de independência. Desde 2010, há
um decreto aprovado na Assembleia Legislativa (Alerj) para realizar um
plebiscito sobre o tema. Enquanto isso, a população convive com um contraste
entre as belezas naturais da região e a falta de infraestrutura. No local, há
ainda um histórico de denúncias relacionadas à extração ilegal de minerais e à
degradação ambiental.
Se a emancipação de Tamoios sair do papel, Cabo Frio, com
186.227 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), perderá 303,7 quilômetros quadrados de área de um total de 410,4
quilômetros quadrados. Não é só isso. A cidade deixaria de receber mais da
metade dos repasses dos royalties de petróleo por causa da exploração do
produto na plataforma marítima de Tamoios. Em 2012, Cabo Frio embolsou R$ 324,9
milhões com o benefício pelo atual modelo de partilha. Hoje, o orçamento
municipal é de R$ 784,8 milhões.
Boa parte das ruas de Tamoios não tem asfalto. Há casas
construídas irregularmente às margens do Rio São João, principal fonte de
abastecimento de água da Região dos Lagos. O atendimento no principal hospital
do distrito é realizado apenas das 8h às 20h. Fora desse horário, a única opção
é a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do governo do estado. O Centro de Cabo
Frio, onde fica a única delegacia da cidade para fazer registros de ocorrência,
está a 40 quilômetros de Tamoios.
— Moro há 18 anos aqui. O hospital é ruim. Não temos os
serviços básicos. Quem sabe, com a emancipação, melhore — diz a dona de casa
Adriana Ribeiro Batista, de 36 anos, grávida de seis meses e moradora da Rua da
Torre, via sem asfalto.
Tamoios possui uma das maiores usinas de etanol do estado,
além de abrigar mineradoras. Mas há casos de extração irregular de minerais. No
ano passado, por exemplo, a Polícia Federal deflagrou a Operação
Sustentabilidade para apurar as ilegalidades.
— O Ministério Público já pediu por diversas vezes o
fechamento de algumas mineradoras para coibir a extração ilegal de areia. O
parque municipal também sofre com a devastação — conta o promotor Luciano
Mattos, que já atuou na região e, hoje, é presidente da Associação do
Ministério Público do Estado Rio.
Desde 1994, quando Búzios se emancipou de Cabo Frio, há um
forte movimento político para a independência de Tamoios. Foi criada até a
Associação pelo Movimento de Emancipação (Ame-Tamoios). Em período de campanha
eleitoral, o distrito, com 17.823 eleitores, é alvo de candidatos.
— Queremos uma cidade ordenada. O poder público não chega
aqui — diz Luiz Carlos Carnaval, presidente da Ame-Tamoios, diretor de
Transporte da subprefeitura do distrito e filiado ao PSDB.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/pobre-de-infraestrutura-tamoios-prepara-grito-de-independencia-8500374#ixzz2URoAJmD8
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